Carta MCC Brasil – Out 2012 – (158ª.)
“O
Senhor disse a Abrão: “Sai de tua terra, do meio de teus parentes, da
casa de teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar” (Gn 12, 1).
“Então,
com coragem, Paulo e Barnabé declararam: Era preciso anunciar a palavra
de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitais e vos considerais
indignos da vida eterna, sabei que vamos dirigir-nos aos pagãos. Pois esta é a ordem que o Senhor nos deu: ‘Eu te constitui como luz das nações, para levares a salvação até os confins da terra’” (At 13, 46-47).
Meus
muito amados irmãos e irmãs, discípulos (as) missionários (as) da Boa
Notícia do Senhor Jesus Cristo nesta nossa complexa e desafiadora
mudança de época e de cultura:
Mês
de outubro. Mês das Missões. Mês do missionário, da missionária. Ao
falar em “missão” falamos em Evangelização. Evangelizar é a missão
fundante da Igreja. Evangelizar é proclamar ao mundo, à humanidade a BOA
NOTÍCIA do Reino de Deus, ou seja, do próprio Senhor Jesus: “... e toda língua confesse ‘Jesus Cristo é o Senhor’ para a gloria de Deus Pai” (Fl
2,11). Evangelizar é ser, ao mesmo tempo, discípulo e missionário. Pelo
menos desde o Concílio Vaticano II até os mais recentes Documentos do
seu Magistério, tem sido esta a mais insistente tônica da mensagem da
Igreja Católica. E, para este ano, traz o mês das Missões alguma
novidade? Alguma outra motivação? Algum outro elemento que possa
suscitar nos seguidores de Jesus um novo entusiasmo ou fazê-los
descobrir “novas expressões, novos métodos e um novo ardor”, como disse
João Paulo II?
Eis
que o Espírito Santo, que “renova a face da terra”, inspira o tema para
a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo
Papa Bento XI para os dias 7 a 28 deste mês. Assim se expressam os
“Lineamenta”[1] referindo-se à urgência de uma nova evangelização nos dias de hoje: “Nas últimas décadas tem-se falado também da urgência da nova evangelização. Tendo presente a evangelização como horizonte comum da Igreja, bem como a ação de anúncio do Evangelho ad gentes, que
requer a formação de comunidades locais, de Igrejas particulares, nos
Países missionários de primeira evangelização, a nova evangelização é,
antes de mais, endereçada a quantos se afastaram da Igreja nos Países da
antiga cristandade. Tal fenômeno, infelizmente, existe em vários graus,
mesmo nos Países onde a Boa Nova foi anunciada nos últimos séculos, mas
que ainda não foi suficientemente bem acolhida a ponto de transformar a
vida pessoal, familiar e social dos cristãos. As Assembleias especiais
do Sínodo dos Bispos, em nível continental, celebrados em preparação do
Jubileu do Ano 2000, evidenciaram esse fato”.
E, continuando, o mesmo documento afirma que: “Este
é um dos grandes desafios para a Igreja universal. Por isso, Sua
Santidade Bento XVI, depois de auscultar a opinião dos seus irmãos no
episcopado, decidiu convocar a XIII Assembleia Geral do Sínodo dos
Bispos sobre o tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã, que
se realizará de 7 a 28 de Outubro de 2012. Retomando a reflexão até
agora realizada sobre o argumento, a Assembleia sinodal terá por
objetivo analisar a situação atual nas Igrejas particulares, para
traçar, em comunhão com o Santo Padre Bento XVI, Bispo de Roma e Pastor
Universal da Igreja, novas formas e expressões da Boa Notícia que devem
ser transmitidas ao homem contemporâneo com renovado entusiasmo, próprio
dos santos, alegres testemunhas do Senhor Jesus Cristo, «Aquele que era, que é e que há de vir» (Ap. 4, 8). É
um desafio a retirar, como o escriba que se tornou discípulo do Reino
dos céus, coisas novas e coisas antigas do precioso tesouro da Tradição (cf. Mt. 23, 52)”.
Visando
a nos ajudar a assumir estes desafios, aqui vão alguns pontos,
juntamente com a sugestão de um itinerário que julgo pertinentes para
este momento.
1. DESENVOLVER uma mentalidade missionária. Relativamente
fácil é “sair em missão” em épocas especiais e em determinadas
circunstâncias, por exemplo, visitando as famílias da paróquia levando a
Palavra de Deus, promovendo dias de oração pelas Missões, fazendo
coletas com esta finalidade, etc.. Se tudo isto é importante,
entretanto, alguns gestos não bastam para a tarefa que o Senhor nos
confia. É necessário criarmos uma “mentalidade missionária”, quer dizer,
introjetar na mente a convicção de que toda a sua vida, todas as suas
ações, a sua maneira de pensar, de tomar decisões, enfim de reger a sua
vida, devem fundamentar-se na sua condição de missionário, de
missionária. Filho de Deus, sim! Filha de Deus, sim! Discípulo e
discípula, sim! Missionário, missionária, sempre! Vejam se o itinerário
abaixo apresentado pode ajudá-los:
2. SAIR, ESVAZIAR-SE.
2.1. SENTIR-SE CHAMADO (A).
É o primeiro passo. Não só ocasionalmente, mas, como os apóstolos,
chamados permanentemente com a consciência de “enviados” para o anúncio
perseverante da Palavra; embaixadores de Jesus junto às “ovelhas
perdidas” do mundo, não só nas horas vagas (nas tais horas de
“apostolado”), mas na tessitura mais profunda da vida. Assim, pouco a
pouco, sob a ação transformadora do Espírito Santo, vai-se criando uma
“mentalidade missionária”. Para isso é urgente o passo seguinte:
2.2. APRENDER a RENUNCIAR.
Despojar-se, esvaziar-se de tudo quanto é supérfluo; livrar-se de pesos
inúteis: da vaidade, do orgulho, de uma certa convicção de achar-se
“dono da verdade”, de certas devoções e de algumas expressões de piedade
tradicionais que só servem para conduzir a um “egoísmo espiritual”
absolutamente estéril para os caminhos da missão. É assim que Jesus nos
quer e nos envia hoje, como aos apóstolos primeiros: “De
graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro, nem prata, nem
dinheiro à cintura; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem
sandálias, nem bastão, pois o trabalhador tem direito a seu sustento” (Mt 10, 8b-10).
3. ANUNCIAR. Sobre
o “anunciar” hoje a Palavra de Deus, nada se apresenta mais oportuno do
que toda a Terceira Parte da Exortação Apostólica VERBUM DOMINI: “A
Missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus ao Mundo”. Sem outro
comentário, termino deixando à reflexão “missionária” dos queridos
leitores e leitoras, neste “mês missionário”, parte de dois parágrafos
basilares.
3.1. ANUNCIAR O “LOGOS DA ESPERANÇA”. “O Verbo de Deus comunicou-nos a vida divina que transfigura a face da terra, fazendo novas todas as coisas (cf. Ap 21, 5). A sua Palavra envolve-nos não só como destinatários da revelação divina, mas também como seus arautos. Ele, o enviado do Pai para cumprir a sua vontade (cf. Jo
5, 36-38; 6, 38-40; 7, 16-18), atrai-nos a Si e envolve-nos na sua vida
e missão. Assim o Espírito do Ressuscitado habilita a nossa vida para o
anúncio eficaz da Palavra em todo o mundo. É a experiência da primeira comunidade cristã, que via difundir-se a Palavra por meio da pregação e do testemunho (cf. At 6, 7 (VD 91).
3.2. VOCAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS: “Os fiéis leigos
são chamados a exercer a sua missão profética, que deriva diretamente
do baptismo, e testemunhar o Evangelho na vida diária onde quer que se
encontrem. A este respeito, os Padres sinodais exprimiram «a mais viva
estima e gratidão bem como encorajamento pelo serviço à evangelização
que muitos leigos, e particularmente as mulheres, prestam com
generosidade e diligência nas comunidades espalhadas pelo mundo, a
exemplo de Maria de Magdala, primeira testemunha da alegria pascal».
Além disso, o Sínodo reconhece, com gratidão, que os movimentos
eclesiais e as novas comunidades constituem, na Igreja, uma grande força
para a evangelização neste tempo, impelindo a desenvolver novas formas
de anúncio do Evangelho” (VD 94).
Com
meu abraço fraterno, invoco sobre todos os meus queridos irmão e irmãs,
a proteção da primeira discípula missionária, a Virgem Maria e todas as
bênçãos do “Logos da Esperança” que anunciamos: o Senhor Jesus.
Pe. José Gilberto BERALDO
II Assessor Nacional Adjunto MCC Brasil
E-mail: jberaldo79@gmail.com
[1] “Lineamenta”
é uma expressão latina que significa “linhas” ou propostas básicas
contidas num documento enviado para conhecimento prévio a todos os
bispos da Igreja Católica visando à preparação de um Sínodo e sujeito à
apreciação, sugestões, etc. antes do Documento definitivo para estudo
dos Bispos durante o Sínodo. Este Documento vai chamar-se “Instrumentum
Laboris”, isto é, “ Instrumento de trabalho”.
seja o primeiro a comentar!
Caros cursilhistas e visitantes, comentem sobre o assunto, não fique no anonimato.Seja participativo,
DECOLORES !